quarta-feira, 17 de junho de 2009

Audiência de Minc vira comédia

Carlos Minc, o “Polemizador-geral da República”, esteve na Comissão de Segurança Pública da Câmara. Foi explicar sua parcipação na “Marcha da Maconha”, em 9 de maio, na praia de Ipanema. Acusado de fazer a apologia da droga, o ministro do Meio Ambiente disse que não, de jeito nenhum, em absoluto. “[...] Não fiz apologia da maconha. Pelo contrário. Não defendo que o cidadão fume maconha...” “...Defendo mudanças na lei, para que o usuário tenha mais segurança, até para procurar tratamento”. Autor do requerimento que levou Minc à Câmara, Laerte Bessa (PMDB-DF), um deputado que também é delegado de polícia, não se deu por convencido. Reiterou a acusação de que o ministro fizera, sim, apalogia do crime. Marchara, segundo disse, ao lado de “doidões”. Perpétua Almeida (PCdoB-AC) saiu em socorro de Minc. Disse que Bessa deveria convocar também FHC. O ex-presidente defende idéias análogas às do ministro. Acha que o consumo de drogas é caso de saúde pública, não de polícia. Ecoando Perpétua, Domingos Dutra (PT-MA) também defendeu a necessidade de chamar FHC à comissão. Bessa deu de ombros. Munido das prerrogativas de deputado, falou como delegado. A seu juízo, Minc deveria ser “indiciado” criminalmente. Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), promotor licenciado, interveio: “Se algum delegado o indiciar, o Ministério Público extingue o processo...” “...A marcha [da maconha] foi autorizada por um juiz. Não há apologia alguma”. Delegado como Bessa, o presidente da comissão, Alexandre Silveira (PPS-MG), tomou as dores do colega de ofício:
“O Ministério Público não pode extinguir o inquérito. Apenas opinar ao juiz pela extinção”. Minc adicionou à controvérsia ingredientes etílico-sexuais: “O álcool é uma droga muito mais pesada do que a maconha, 20 vezes mais mortal...” “...E tem aquela propaganda terrível, que fala sobre a disfunção erétil do macho, no popular clássico, a broxação”. O ministro provocou o delegado-presidente. Perguntou a Silveira se teria coragem de propor uma lei proibindo o consumo de bebidas alcoólicas. O deputado saiu pela tangente. Diferentemente do que ocorre com a maconha, disse ele, o Ministério da Saúde não classifica o álcool como entorpecente. Nesse ponto, a deputada Marina Magessi (PPS-RJ), uma inspetora de polícia, arrastou Lula para o debate. Disse que uma lei anti-álcool teria vida curta. “O presidente Lula vetaria qualquer coisa que proibisse o consumo de álcool”, a deputada enfatizou. Seguiu-se uma cena que emprestou à audiência, já demasiado cômica, um quê de picaresco. Marina Magessi folheava um maço de documentos. Atrapalhou-se no manuseio dos papéis. Justificou-se: “Eu já tô doidinha”. Minc dirigiu à deputada palavras de estímulo: “Fique à vontade, fique à vontade”. Como se vê, a audiência foi um completo barato. Coisa pra maluco nenhum botar defeito.

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