quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O cinismo exacerbado

Primeiro foi o senador José Sarney, num artigo na Folha:
“Ultimamente, os escândalos de corrupção têm marcado a vida pública brasileira. São episódios vergonhosos que denigrem cada vez mais os políticos”, escreveu.
O segundo foi o senador Aloyzio Mercadante, na festa de aniversário do PT:
“A oposição deve estar engasgada com o panetone”, discursou.
O terceiro foi o presidente Lula, depois de mais um almoço:
“Tenho nojo de ver tanta corrupção”, fez de conta. Em menos de 10 dias, três figuras enfiadas até o pescoço em patifarias ainda por explicar pegaram carona na roubalheira em Brasília, comandada pelo governador José Roberto Arruda e sua Turma do Panetone, para o esperto hasteamento da bandeira da moralidade. Pelo andar da carruagem, espantaram-se milhões de brasileiros perplexos com o espetáculo do cinismo, o PCC já prepara um manifesto exigindo o endurecimento do combate ao crime. Só pode indignar-se com escândalos quem não protagonizou nenhum. Só pode condenar corruptos quem não os condena seletivamente. Só pode estarrecer-se com bandidagens que não tem prontuário. Só pode exigir punições quem não protege delinquentes. A trinca segue fingindo que o mensalão nem existiu. Não atende a tais requisitos. Deve calar-se o mais silenciosamente possível.
*Li no site do Augusto Nunes

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