terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Estatizando o tesão

Na Folha de São Paulo:
A inauguração do Memorial Darcy Ribeiro, batizado de “beijódromo”, foi marcada por manifestação dos alunos contra o reitor da UnB (Universidade de Brasília), José Geraldo Sousa Júnior e contra a obra.
O presidente Lula também foi alvo dos manifestantes. Enquanto discursava, o reitor foi vaiado e teve que ouvir gritos dos manifestantes, que são estudantes da universidade.
“UnB sucateada”, “chega de mentira” e “fora repressão” foram algumas das expressões gritadas em coro pelos alunos.
Quando foi discursar, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, pediu um acordo com os manifestantes, que parassem de gritar em respeito a Lula e Mujica.
“A hora é de saudar o mestre Darcy Ribeiro”, afirmou Ferreira, que desistiu de discursar por causa do calor. Disse que publicará seu discurso no site do Ministério da Cultura. Os manifestantes ensaiaram vaiar o ministro e não suspenderam a manifestação.
O beijódromo custou cerca de R$ 8,5 milhões e ficou pronto em poucos meses. Por conta da rapidez das obras, os alunos criticavam o fato de a Casa do Estudante não ter ficado pronta como foi prometido pela reitoria. A cerimônia foi realizada ao lado do memorial e a cobertura montada pela organização do evento era de plástico transparente, o que deixava vazar o sol para os convidados.
Ao começar a discursar, Lula também foi alvo dos manifestantes. Enquanto falava da biografia de Darcy Ribeiro, os alunos gritavam “demagogo”.
O presidente pareceu irritado e o volume do microfone foi aumentado, abafando a voz dos manifestantes que foram barrados pela segurança e ficaram do lado de fora das grades que separavam o palco e convidados dos alunos da universidade.
“Ô Lula, deixa a galera entrar”, gritaram, durante boa parte do discurso presidencial.
COMENTÁRIO DE REINALDO AZEVEDO:
Você não entendeu direito, leitor amigo?
Eu tento explicar o que tem explicação.
O “Beijódromo” é um centro de vivência que também abriga o museu Darcy Ribeiro, primeiro reitor da UnB, que tinha, entre seus delírios tidos como poéticos, a criação de um troço assim…
E aconteceu, como se vê
. Ao custo de R$ 8,5 milhões.
Quase R$ 9 milhões para os estudantes poderem dar um ralo, como se precisassem desse tipo de estímulo, não é mesmo?
Um estado totalitário reprime o tesão.
Um estado demagogo o estatiza.
Não é o fim da linha porque Tiririca está errado, e pior sempre pode ficar.
Havia, não sei há ainda, uma turma na UnB que sempre achava um pretexto para ficar pelada.
Se o beijódromo era uma ousadia na década de 60, qual será a transgressão possível no segundo decênio do século 21?
Já sei!
A heterossexualidade monogâmica, hehe…
Dá pra levar a sério?
Pobre UnB! A universidade viveu o seu auge sob o comando de José Carlos de Almeida Azevedo, que morreu, aos 78 anos, no dia 23 de fevereiro deste ano.
Ocupou o cargo de 1976 a 1985. Era mestre em física, engenharia e arquitetura naval, e engenharia nuclear pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Ex-oficial da Marinha, era visto como o “interventor” da ditadura na Universidade.
Na gestão Azevedo, criaram-se muitos cursos de graduação e pós-graduação, construíram-se bibliotecas, contrataram-se professores de renome internacional, e a Editora da UnB se tornou uma referência na publicação de livros acadêmicos.
Aí começou a fase da “democratização” da universidade, entenderam? Em 1985, Cristovam Buarque foi eleito para o cargo. É o senador que quer incluir na Constituição a garantia da felicidade. Hoje, ela é dirigida por José Geraldo Souza Júnior, grande expoente do “direito achado na rua”. Ele entrou na Universidade quando Azevedo estava deixando a reitoria. A coisa tem seu simbolismo.
É improvável que se faça um prédio em homenagem a Azevedo. Caso acontecesse, não poderia ser um beijódromo, mas um centro de pesquisa, coisa impensável para uma universidade…
06/12/2010

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