domingo, 12 de dezembro de 2010

Ministro do disse-não-disse

Duas respostas do ministro da Justiça do futuro governo, José Eduardo Cardozo, sobre caixa dois em campanha eleitoral, em entrevista publicada hoje pelo Estadão:
Estadão: Numa entrevista à revista 'Veja', em 2008, o sr. chegou a dizer que o mensalão existiu, mas depois alegou que foi mal interpretado. O sr. recuou por interferência do Planalto?
Cardozo: Eu não recuei nenhum milímetro. Não disse isso. Sempre questionei a palavra mensalão. Foi um rótulo que teve efeito midiático. Deputados do PT não receberiam mensalidade para votar em projetos do governo. O que houve foi uma situação ilegal de despesas não contabilizadas. A acusação de desvio de recursos públicos nunca foi provada.
Estadão: Sobre o financiamento de campanhas políticas: O problema é captar recursos? (Inquirido sobre o fato de ter desistido da vida pública em função de que o dinheiro decidia uma eleição).
Cardozo: São vários problemas, mas financiamento público é fundamental. Imaginar que numa campanha nunca exista dinheiro desviado dos cofres públicos é ser ingênuo. O atual sistema gera uma relação complicada entre quem doa e quem recebe.
COMENTÁRIO: Ora, ora. Essa não vazou no WikiLeaks.O que era uma desconfiança, mas o governo negava, vem à tona na confissão do futuro ministro da Justiça.
José Eduardo Cardozo foi um dos "três porquinhos" que coordenaram a campanha de Dilma Rousseff. Fala, desta forma, com amplo e profundo conhecimento de causa.
É praticamente uma confissão. Bem, mas como ele negou um dia uma entrevista à Veja, também pode negar que tenha dado esta declaração tão contundente ao Estadão.

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