quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O discurso de Dilma

Analisando o discurso de Dilma, feito na abertura dos trabalhos legislativos, não vi proposta de Pacto Social como afirmam alguns. Afirmaram que ela ia cortar investimentos. Mas ao contrário ela dá metas a ser cumpridas, embora não saibamos se haverá condições de cumpri-las, já que o orçamento da União é apertado. Pacto Social, com iniciais maiúsculas, tem que ser uma proposta apresentada pelo governante, mostrando o que se quer, em que vai mexer, e quais forças sociais organizadas são chamadas para "assiná-lo" (sindicalistas, empresários, políticos...).
Não sei, posso estar enganada, porém pacto no discurso dela tem apenas o sentido de conclamar para se fazer juntos, o que ela propõe seja feito, todos os envolvidos das forças sociais organizadas.
Preocupa-se com educação, mas não faz referência ao PISA em que nossos alunos estão entre os últimos colocados ( De 65 países que participaram da avaliação, o Brasil quase tirou em 66º lugar!)
Falou de outras medidas que o seu governo tomará, mas, como eu disse o orçamento da União é apertado.
Com respeito ao salário mínimo, disseram ela iria congelar... Entendi que ele terá correção anual, com valorização, embora penso ser muito tempo (12 meses) para essa correção. A menos que se diminua bem a inflação. O ideal seria correção a cada 6 meses para ele, pelo menos por ora.
Revelou interesse em combater a inflação, o que é bom. Mas vamos ver se consegue, já que a herança que ela recebeu de Lula é muito ruim.
Com respeito aos programas sociais, entendi que manterá os existentes e poderá criar novos. Assim, boa parte da população viverá como vive hoje, sem se autosustentar para ter uma renda, fazendo o governo apenas transferência de renda. Os valores que os beneficiários do Bolsa Família recebem seriam positivos se fossem conseguidos pelo esforço do trabalho. O que significaria que teriam sido criados empregos em suas regiões.
É muito bom que ela se comprometa com as Reforma Política e Tributária. Vamos aguardar para vermos se dará o pontapé inicial para tanto, e que conteúdo será proposto. Os nossos políticos, de maneira geral, acham um incômodo "enorme de grande" propor e debater reformas. Não estão acostumados com a prática da boa política.
* Carmen Gomes, por e-mail, via resistência democrática
COMENTO: Carmen Gomes tem razão quando afirma, inicialmente, que nada viu sobre proposta de um pacto social no discurso da presidente(a). Foi um discurso superficial e protocolar, em algumas partes, fantasioso até. Esta estória de pacto social é "criação", estratégia de marketing para vender uma idéia que não existe. A grande imprensa logo adotou o termo e deitou e rolou com o mesmo nos artigos e reportagens publicados hoje. Talvez já seja o efeito dos 622 milhões, inicialmente, alocados para publicidade no orçamento.
Essa história vai pontificar o atual governo, só falta denominar de PAC social. E é essa a idéia petralha. Dilma aceitará ou não. Mas se essa técnica de dizer que faz, ou fará, e não fazer, é típica de Lula.
E se Dilma é sua "cria", quem sabe, poderá, ou não, imitar o criador?

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