terça-feira, 26 de abril de 2011

A miséria que Lula jura ter acabado invade o Planalto

A miséria que Lula jura ter acabado invade o Planalto e cobra a promessa: ‘Todo mundo aqui pensa que pobre é burro’
O ex-presidente Lula aproveitou a entrevista ao jornal ABCD Maior, editado pelos metalúrgicos do rebanho, para fingir que acabou mesmo com a fome e a pobreza que, erradicadas no Brasil Maravilha do cartório, teimam em exibir-se o tempo todo em milhares de esquinas do país real. “Dilma vai lançar o programa de combate à miséria absoluta, onde fará um pente fino para descobrir quais são os pobres que ainda não foram atendidos”, gabou-se o recordista nacional de bazófia e bravata.
Tradução: segundo Lula, o IBGE terá de mobilizar uma imensidão de pesquisadores para descobrir os 12 ou 13 miseráveis que, por insondáveis razões, recusam a carteirinha de sócio do Clube da Nova Classe Média. Deveria ter combinado com os fatos, descobriu nesta segunda-feira: agora à tarde, uma representante dos milhões de pobres que só desapareceram do país-do-faz-de-conta invadiu o Planalto para desmentir aos berros a fantasia do palanqueiro.
Depois de driblar a segurança do Palácio do Planalto, a brasileira Eliane dos Santos Silva chegou ao segundo andar e só foi detida quando subia a rampa que dá acesso ao gabinete de Dilma Rousseff. Impedida de falar com a primeira mulher a assumir a Presidência, revelou aos gritos o motivo da viagem ao coração do poder: quer a casa própria que Lula e Dilma prometeram à população de baixa renda.
“Todo mundo tem direito à habitação”, protestou Eliane, com uma criança no colo e chorando. “Eu sou mãe de três filhos. Direito para pobre, não tem. Para rico, sempre arranja uma brechinha. Todo mundo aqui pensa que pobre é burro”. Não pareceu mais otimista ao saber que um assessor anotaria a reivindicação.
À saída, os jornalistas colheram outra revelação incômoda para o gerente da fábrica de promessas. Enquanto espera uma casa decente, Eliane dos Santos Silva sobrevive em São Bernardo do Campo.
A uma viagem de ônibus do apartamento do ex-presidente que já não consegue enxergar gente pobre. (Augusto Nunes)

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