quarta-feira, 20 de julho de 2011

Após denúncias,Dilma desarticula influencia do PR no Ministério dos Transportes.

Por Adriana Vasconcelos e Roberto Maltchik, em O Globo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff desarticulou a rede que conectava o Partido da República (PR) ao comando das decisões sobre a execução de obras no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
 Os principais operadores do ex-ministro Alfredo Nascimento e do deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP) tiveram suas exonerações publicadas nesta terça-feira no Diário Oficial da União (DOU).
 A oposição também tomou a iniciativa nesta terça-feira de protocolar junto à secretária da Mesa do Senado, Cláudia Lyra, requerimento para convocar o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos.
As exonerações atingiram três postos chaves na estrutura do órgão: o coordenador-geral de Operações Rodoviárias, Luiz Cláudio dos Santos Varejão, o coordenador-geral de Administração Geral, Mauro Sérgio Fatureto, e o secretário de fomento para ações de transportes do Ministério dos Transportes, Darcy Humberto Michiles.
O último pediu para sair.
As demissões, de acordo com um técnico do governo ouvido pelo GLOBO, eliminam o elo que permitia ao PR comandar o destino dos recursos bilionários executados pelo Dnit.
Fatureto e Michiles tem ligação estreita com Nascimento.
 Já Varejão seria homem de confiança do diretor de Infraestrutura Rodoviária, Hideraldo Caron.
Além dos "chefes" do Dnit, o DOU ainda publica nesta terça-feira a demissão da secretária de Michiles, Maria das Graças Fernando de Almeida.
No Ministério dos Transportes, o sub-secretário de Assuntos Administrativos, da Secretaria-Executiva, Estevam Pedrosa, foi outro exonerado.
Pedrosa trabalhava diretamente com o atual ministro, Paulo Sérgio Passos, que, antes da crise, era o secretário-executivo da pasta.
De acordo com a assessoria do ministério, as demissões fazem parte dos ajustes anunciados pelo ministro Paulo Sérgio Passos quando tomou posse na semana passada.
PSDB protocola requerimento de convocação do ministro dos Transportes
O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), protocolou na manhã desta terça-feira junto à secretária da Mesa do Senado, Cláudia Lyra, requerimento para convocar o ministro dos Transportes.
 Para Nogueira, o ministro precisa explicar o aumento do número de contratos aditivos e o volume de recursos autorizados justamente no período em que Passos assumiu o comando dos Transportes no ano passado, quando o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) se desincompatibilizou do cargo para disputar o governo do Amazonas.
Também foi protocolado nesta terça-feira um requerimento convidando Frederico Augusto de Oliveira, conhecido como Fred, a prestar esclarecimentos sobre suposta prática de crime de usurpação de função pública.
Demitido na última sexta-feira, Fred teria sido indicado pelo deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) para trabalhar numa empresa que presta serviços terceirizados ao Dnit e vinha cuidando de convênios no órgão.
Lyra vai comunicar o presidente do Senado, José Sarney (PDMB-AP), sobre os requerimentos ainda nesta terça, uma vez que ele também é presidente da Comissão Representativa do Congresso, que funciona durante o recesso. Caberá a Sarney decidir se acolhe ou não os requerimentos da oposição.
Caso faça isso, ainda assim a Comissão, integrada por oito senadores titulares e 17 deputados, necessita de um quórum de um terço para se reunir.
- O Ministério dos Transportes se transformou numa fábrica de irregularidades que precisam ser esclarecidas.
O Congresso Nacional, mesmo em recesso, precisa continuar trabalhado.
Por isso existe a Comissão Representativa - disse Nogueira, lembrando ainda que no início deste ano, por exemplo, a comissão se reuniu para tratar da tragédia da região serrana do Rio.
Na opinião dele, o ministro está sob suspeição.
- Na minha opinião, ele sabia de tudo. Se não sabia, era ingênuo e também não poderia continuar no cargo.
Perguntado se a oposição criaria uma CPI na Câmara, ele disse que a tática é insistir na CPI no Senado, uma vez que a resistência governista na Câmara é maior.
 Segundo ele, a oposição já teria 24 assinaturas das 27 necessárias para criar um CPI no Senado.

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