domingo, 18 de setembro de 2011

Lula começa a sentir a reação à sua administração desastrada.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu ontem em defesa do seu pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, ministro Fernando Haddad (Educação), que foi vaiado em cerimônia no ABC paulista. É a segunda vez nesta semana que Haddad é hostilizado em evento público. Na quarta-feira, ele foi recebido com vaias em um evento na USP.
Lula, que também foi alvo ontem das vaias de cerca de 20 estudantes ligados ao PSOL e ao PSTU, participou ao lado de Haddad de comemoração dos cinco anos da Universidade Federal do ABC, em Santo André.
O ex-presidente chegou a perder a paciência com os estudantes. "Gritar é bom, mas ter responsabilidade é muito melhor", afirmou Lula, em cima de um palco em uma tenda no câmpus, onde havia para uma plateia de cerca de 500 pessoas.
Os estudantes protestavam pelo investimento de 10% do PIB em educação. "Haddad, eu não me engano, 7% é proposta de tucano", gritavam para o ministro, que respondeu: "Infelizmente, a direita conservadora conta com o apoio da esquerda conservadora para evitar o progresso do nosso País".
Lula discursou minutos depois de Haddad e defendeu o ministro, nomeado por ele para a pasta da Educação em 2006. "Eu duvido que na história deste País um ministro da Educação tenha se dedicado 10% do que esse rapaz se dedicou", disse.
Haddad é o nome que Lula tem defendido em seu partido para disputar a Prefeitura no ano que vem. O ex-presidente avalia que o ministro, que foi professor universitário e é uma novidade eleitoral, teria mais condições de conseguir votos na classe média paulistana que resiste ao PT.
Manifestação. Lula ironizou os jovens ao dizer que a reivindicação não fora feita durante sua gestão. "Se esses jovens tivessem feito a reivindicação no meu governo, possivelmente teriam sido atendidos e não estariam aqui com essas faixas", declarou.
Para os estudantes, o ex-presidente disse ser a favor de investir os 10% em educação, além de uma parte dos recursos oriundos do pré-sal. Fez, no entanto, uma ponderação: "Mas essas coisas não acontecem porque o cidadão se sente no direito de gritar. Essas coisas se constroem".
Depois, citou momentos biográficos para falar que não era contra protestos. "Se tem uma coisa que aprendi a respeitar é o direito das pessoas reivindicarem porque se não fosse assim eu não teria virado presidente da República", afirmou. "Se eu tivesse medo de greve, eu não teria feito as maiores e as melhores do País", completou, em referência às paralisações lideradas por ele no final dos anos 70.
No final do evento, Lula baixou o tom. "Uma sociedade que grita contribui mais que uma sociedade que silencia", disse o ex-presidente, pouco antes de encerrar o discurso.

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