sábado, 15 de setembro de 2012

Marta Suplicy acha seu suplente, evangélico, um homofóbico













Um flagrante do repórter fotográfico Iano Andrade mostra a senadora Marta Suplicy (PT-SP) numa saia justa. Ela exibe à colega Lídice da Mata (PSB-BA) e-mail no qual o suplente dela, Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), é classificado como "evangélico" e "homofóbico". A mensagem, que explicita o temor de ele assumir a relatoria de projeto de lei para criminalizar a homofobia, pode jogar por terra toda a engenharia política de Lula e Dilma para tentar conseguir votos de evangélicos, considerados cruciais para levar Fernando Haddad ao 2º turno na eleição para prefeito de São Paulo
Marta Suplicy tenta evitar que o suplente, evangélico, assuma a relatoria de projeto contra a homofobia. Intervenção foi pedida por militantes via e-mail e pode prejudicar as relações do candidato petista em São Paulo com o segmento religioso
Na despedida do Senado, Marta Suplicy (PT-SP) demonstrou preocupação com o suplente, o vereador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), ao mostrar à senadora Lídice da Mata (PSB-BA), pelo celular, um e-mail que classifica o sucessor como "evangélico e homofóbico". A mensagem, segundo a senadora baiana, foi encaminhada a Marta por um grupo que defende o direto dos homossexuais. De maneira involuntária, a petista — indicada ao Ministério da Cultura após um arranjo eleitoral em troca do apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT) em São Paulo — pode colocar por água abaixo a tentativa do partido de conseguir votos dos evangélicos na reta final do primeiro turno. No e-mail, há uma clara tentativa de evitar que Antônio Carlos assuma a relatoria do projeto que tem como objetivo criminalizar a homofobia no Brasil. Marta era a relatora da matéria.
A primeira frase do e-mail, registrado pelo fotógrafo do Correio Iano Andrade, evidencia o tema em questão: "Substituir a senadora Marta Suplicy na relatoria do PLC 122". Em seguida, há uma reclamação. "Está havendo muitas críticas pelo suplente, que é evangélico e homofóbico." No fim, há um questionamento sobre o procedimento a ser tomado. "Podemos fazer isso (possível substituição)?" Por meio da assessoria de imprensa, Marta informou que não iria comentar o assunto. Declarou apenas que recebe muitos e-mails e não tinha como localizar a mensagem em questão. Ela estava na Mesa do Senado presidindo a sessão à tarde e desceu para mostrar o celular a Lídice. Após uma breve conversa entre as duas, retornou ao lugar.
A senadora Lídice da Mata informou que a nova ministra estava preocupada com a tramitação do projeto. "Após me mostrar o e-mail, preocupada com a causa, perguntou se eu toparia assumir a relatoria do projeto. Informei que precisaria conversar com a bancada primeiro para tomar essa decisão. Ela disse, inclusive, que achava que não era uma prática do Senado o suplente assumir as relatorias do titular", afirmou. O Correio ligou diversas vezes para Antônio Carlos Rodrigues, mas ele não foi localizado para comentar o assunto.
O PLC n° 122, denominado Projeto Anti-homofobia, tramita no Congresso Nacional desde 2001. A matéria foi proposta pela então deputada Iara Bernardi (PT-SP). Em 2010, o projeto foi arquivado em razão de não ter sido votado até o fim da legislatura. No começo de 2011, Marta tirou a proposta da gaveta e assumiu a relatoria. Apesar da preocupação do grupo remetente do e-mail, o Regimento do Senado não prevê que o suplente ocupe as relatorias do titular de maneira automática. (Correio Braziliense)

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