sábado, 8 de dezembro de 2012

O sagitário tupiniquim.

Esta semana a família, amigos e o Brasil perdeu a figura ímpar do arquiteto famoso, no mundo inteiro, Oscar Niemeyer.
Niemeyer, permitam a minha sinceridade, sempre me pareceu uma espécie de Sagitário tupiniquim: metade homem, metade burro.
Ateu e comunista, sua parte homem também me parecia ambígua. Se por um lado havia nascido com o dom da veia arquitetônica inovadora, muitas vezes até diferenciada que o fazia desenhar esboços de projetos megalômanos e belos, pregava uma simplicidade que talvez fosse até motivos de elogios, não fosse seu acúmulo de certa riqueza e a sua vida de requinte que só um capitalista sonha em vivenciar.
Morar e trabalhar em frente ao mar de Copacabana já é um requinte bem charmoso para um comunista ateu. Afinal, o que pensava o velho comuna ao ver o mar? Que aquilo era uma obra de engenharia e arquitetura? Teria alguma vez pensado em quem a teria concebido, calculado, estruturado?
Haveria um “arquiteto do universo”?
 
Politicamente afeito às causas comunistas tido, por militantes da esquerda, jornalistas e políticos deslumbrados, como um humanista, um dia, ao ser interrogado por jornalistas sobre a atitude de Fidel Castro em fuzilar milhares de Cubanos contrários ao comunismo, apenas respondeu: “Ele (Fidel) fez o que devia fazer, e pronto!”
Esta não seria uma resposta que daria um humanista. Um humanista jamais pensaria assim, embora não se deva esperar melhor resposta de um comunista ateu.
Mesmo não sendo surpresa sua teoria política e religiosa, as atitudes de Niemeyer como homem comum surpreendia pelo despreendimento com o qual circulava por todas as vertentes políticas e “faturava” seus projetos. Por isso não conheceu a pobreza.
Sua propalada solidariedade, ou “bondade”, com os iguais comunas, sempre foi um pouco simbólica como a atitude de ceder um apartamento, de luxo, a um amigo comunista para este abrigar sua família. Até parece um pouco contraditório ( ou será de todo?) o fato de a um comunista fracassado oferecer-se um símbolo do capitalismo: Uma propriedade de luxo.
E assim, transitando entre comunistas e capitalistas, Niemeyer capitalizou fama, grana, bens valiosos, amigos, admiradores, seguidores...
Enfim, pode-se dizer que viveu intensamente os seus 104 anos e até parece que, sem querer, deixou uma lição que ao se alhear a crenças religiosas, a dogmas, não tendo a preocupação em desagradar à esquerda perturbadora e perseguidora, dá certa tranquilidade para viver, livra-se de aporrinhações e vive-se muito mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

... e tudo termina com terra por cima e na horizontal...