segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O crepúsculo do espírito de porco.

 


A nação em expectativa, o Exército em falência, a FAB em holocausto, a Marinha no desmanche, Forças Armadas humilhadas, a reserva se manifesta. Oficiais-generais inativos, conheço muitos, mas muitos mesmo indignados com a panacéia que se armou para espezinhar os militares. Alguns deles, justiça seja feita, mais um ou outro coronel, acho que vão morrer vociferando na imprensa. Até um capitão reformado, oficial do “QAO”, já aloprou e pôs para fora as verdades que estão engasgadas nas gargantas dos oficiais que passaram pelas “Agulhas Negras”.
Dizem que o companheiro está maluco, mais uma coisa ele é: corajoso e honesto, puro no sentimento que lhe vai na alma. Como ele, a maioria esmagadora da nossa oficialidade sente saudades de um Brasil que não admitia limitações de soberania e daquele grande mudo que colocava a Pátria Brasileira, quando em situação de crise/sítio acima de tudo Sim, porque atualmente estamos em situação de crise/sítio: são ministros subordinados aos ditames do "Foro de São Paulo" fazendo sangrar as cicatrizes da pátria mãe gentil, sacrificada na luta fratricida dos anos 60/70, quando brasileiros desavisados, postulando ideologia totalitária maligna, resolveram comunizar o País; são chanceleres e magistrados, contribuindo para a "kozovonisação" do território nacional e foram os chefes de estado que assinaram tratados lesivos à soberania e segurança da nação.
Hoje, agora, o segmento militar da sociedade está em transe. Nenhuma Força Armada vai amparar chefes de família nem suas mulheres que passaram noites mal dormidas com seus maridos em combate às organizações subversivas? E quantos não atenderam telefonemas na calada da noite? Esposas, filhos chorando em casa, alarmados por comandos que lhes reclamavam os pais para "campanas", estouros de “aparelhos”, na caça sem quartel aos assaltantes de bancos, seqüestradores, bandoleiros ferozes, fanatizados por códigos que lhes disciplinavam inclusive com quem deveriam se relacionar intimamente em completo desalinho com os ditames da ética e da moral.
Atenção, povo brasileiro! Alerta, oficiais das Forças irmãs! Um vácuo de liderança em nossas fileiras pode ser fatal! Os oficiais da reserva mais graduados sabem muito bem do que estou falando. E não adianta tampar o sol com a peneira: alguns “companheiros”, felizmente muito poucos, não gostam quando profissionais da velha guarda se reportam ao “no meu tempo”, às militâncias dos idos passados e ao arraigado binômio "espírito de corpo/espírito militar" que pairava pelos cantões de nossos aquartelamentos e, que se diga, está em franco crepúsculo se já não acabou. Que não se duvide: não é o material mais moderno, não são os métodos de instrução refinados, os programas revolucionários da didática contemporânea que forjam o combatente de escol. Nada, absolutamente nada, substitui o instrutor, o comandante, o líder que olha no fundo do olho do soldado e lhe repassa as tradições e as nobres virtudes militares que devemos cultuar e preservar.
No momento em que o Exército passou a não garantir os que, de armas na mão, impediram a satelização do País por uma potência alienígena, como havia prometido o General Walter Pires, a Instituição sangrou sua mística de credibilidade. Mas ninguém deveria desdizê-lo como fez o outro, que disse: -“ O Exército não vai fazer nada!”. Meu Deus, como nos fazem falta o Duque de Caxias e o Marquês do Herval A partir daí, engolir desaforos, reprimendas, puxões de orelhas, passaram a ser aceitos por alguns, escudados pela justificativa dos regulamentos, uma finta que, para estes, veste como luva para lograr manutenção de cargos, comissões e mordomias decorrentes. A lealdade á Pátria, o respeito pela Instituição e a admiração pelos subordinados que se lixem! Ah! Mas aí seria ferir a disciplina! Ledo engano! Ninguém a fere quando, polida e briosamente, se toma a posição de sentido e se solicita a exoneração da função por um chamamento à ordem descabido. E posso falar isto “de cadeira” porque aconteceu comigo.
Poucas autoridades militares chegaram a esboçar algum, que fosse, protesto de brio, procedimento que vislumbrou efêmera expectativa quanto a uma mobilização em prol da recuperação da auto-estima que se perdeu. Mas foi tudo fogo de palha. Hoje, assim como arautos vingativos, os porta-vozes de um revanchismo pelego se manifestam sem peias e agremiações, como os clubes militares, são tolhidas sem nenhum amparo legal, no seu direito de manifestação.
Feridas sangrando, grupos em cizânia exacerbada, País ameaçado, Forças Armadas vergadas, desintegração territorial e social. Cidadão brasileiro! O loteamento de nosso chão pelos grandes predadores militares será só uma questão de tempo...
*Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior
MEMENTO NR1: BANDEIRA E CAMISA AMARELA,
Publicado no “O SUL” de Porto Alegre em 5 de março de 2012

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