terça-feira, 14 de maio de 2013

A cubanização desabastece a Venezuela.

Em franco processo de “cubanização”, a cena se repete atualmente tanto nos supermercados como nas farmácias venezuelanas, principalmente na capital, Caracas. Clientes com semblantes sisudos e mal humorados por não encontrar alimentos e os medicamentos que procuram com os empregados que atendem tendo que lidar com as queixas de muitos clientes que esbravejam contra o governo pela escassez e insegurança alimentar bem como dos doentes que não conseguem seguir os tratamentos prescritos por seus médicos pela inexistência dos medicamentos receitados nas farmácias.

Clientes compram remédios nesta última sexta feira, 10 de maio, numa farmácia de Caracas, a cada dia mais vazias e parecidas com as farmácias cubanas.
O desabastecimento de alimentos e de medicamentos é resultante das dificuldades impostas pelo regime de Caracas à importação, decorrentes do controle estatal do câmbio em vigor na Venezuela na última década, por um lado, e, por outro lado, pela queda vertiginosa da produção privada em consequência da fuga de capitais e de mão de obra especializada para fora do país, no mesmo período.
“Não apenas o pão nosso de cada dia está difícil de encontrar, mas os remédios também e o povo já enfrenta muitas filas que mal conseguem chegar ao meio sem que a notícia de que ‘o estoque acabou’ chegue para os que ali esperam às vezes por horas”, disse um aposentado de 72 anos que afirma ter passado quase todo o dia em busca de um remédio que usa para diabetes. “Faz tempo que eu tomo esse medicamento e agora está cada vez mais difícil consegui-lo”, diz o idoso.

A cena se repete a cada dia nas farmácias venezuelanas onde as expressões de insatisfação dos clientes estão estampadas em seus rostos por não encontrarem os remédios que necessitam para continuar seus tratamentos.
            Esse mesmo problema tem sido enfrentado pela maioria dos venezuelanos, que muitas vezes têm que percorrer muitos supermercados e inúmeras farmácias para conseguirem os produtos que desejam. Mesmo que tal situação não seja nova, ela de fato tem se agravado desde o início do ano em função das dificuldades que enfrentam os laboratórios e os importadores de alimentos em comprar os dólares necessários para pagar seus fornecedores internacionais, uma vez que o governo eliminou um sistema de câmbio alternativo pelo qual essas empresas importadoras podiam comprar dólares.
            Medicamentos como colírios, pílulas para dormir e para tratar a hipertensão arterial e o diabetes e até coquetéis antirretrovirais contra a AIDS viraram mangas de colete nas farmácias e centros clínicos. A indústria farmacêutica local atribui a escassez a uma lei que mantém, congelados há 10 anos, os preços de 30 por cento dos remédios disponíveis no país e ao atraso do governo em entregar ao sector as divisas necessárias para a importação. Os laboratórios, por outro lado, não investem mais quase nada em pesquisa ou mesmo em melhorias técnicas onde também falta muita mão de obra qualificada.
            “Dois problemas maiores parecem agravar o desabastecimento: o primeiro é o acesso aos dólares do governo que por sua vez provêm do petróleo, uma vez que o investimento privado caiu praticamente a zero no país por absoluta insegurança jurídica. O governo leva 180 dias em média para liberar os dólares para a importação de alimentos e remédios, isso sem falar em máquinas e insumos à produção de qualquer natureza e o segundo problema tem a ver com os preços de cerca de 1.400 medicamentos e inúmeros alimentos desde 2003”, explicou um diretor da Câmara da Indústria Farmacêutica, Ángel Márquez.
            O governo costuma culpar por essa situação os “empresários inescrupulosos” que a julga serem ‘especuladores’ do preço dos medicamentos e dos alimentos e tem reagido com “tentativas de impulsionar a produção farmacêutica nacional”, ainda amplamente dependente da iniciativa privada, e que, por isso mesmo e no calor de uma série de convênios assinados com vários países, principalmente com Cuba, não está investindo mais nada em suas indústrias, onde a estatização pode vir a qualquer momento e sem aviso prévio.
            A demora no fornecimento de dólares bate com força especial nos laboratórios, que têm que vencer uma série de obstáculos para ter em sua posse os dólares que compram devido ao controle do câmbio, moroso e burocrático, onde alguns relatam que têm que “pagar propinas por fora” para “acelerar a tramitação” para que as empresas consigam comprar os produtos pelo preço oficial. “A situação é cada vez mais complexa e a inadimplência é crescente”, disse um representante da entidade de classe farmacêutica.
            Tais dificuldades têm levado ao paroxismo a inventividade dos venezuelanos, focados nas redes sociais do Facebook e do Twitter, para tentar conseguir os medicamentos e gêneros alimentícios que precisam. Outros se organizam e pedem ajuda aos seus vizinhos e amigos.
            Há pessoas desesperadas por não conseguir remédios que necessitam e mesmo alimentos básicos como ovos, leite, carne e frango. As farmácias pedem aos pacientes que deixem seus números telefônicos que sejam chamados quando o medicamento chegar à farmácia e pelo qual uma parte já foi paga.
            Há muita escassez, muitas filas, e até numeração de antebraços para compra de alimentos. A queixa é de todo mundo, mas, lamentavelmente, as pessoas pouco podem fazer para mudar esse quadro sombrio no país. Afinal, fizeram o que tinham que fazer para eleger Capriles, mas sabiam muito bem que o regime fraudaria, como parece ter sido o caso, as eleições que deram a vitória a Nicolás Maduro.
*Francisco Vianna, com mídia internacional, via Grupo Resistência Democrática

Um comentário:

Anônimo disse...




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