Peça-chave do núcleo financeiro do
esquema do mensalão, o Banco Rural ainda precisa prestar contas de, no mínimo,
R$ 380 milhões em cobranças de tributos federais que não foram pagos. A
instituição financeira foi liquidada pelo Banco Central no início do mês, por
problemas de insolvência e falta de um plano de recuperação.
A
maior parte desse valor (mais de 87% do total) nem sequer foi provisionada pelo
Rural como forma de cobrir eventuais perdas de ações na Justiça. O motivo é que
os advogados do banco classificaram como possível ou remota a chance de
insucesso nesses casos - não contavam com a cobrança desses débitos.
A
Receita Federal tem mais cinco anos para fazer outras autuações contra o Rural.
Ou seja, até o desfecho da liquidação do banco, as cobranças do Fisco podem
aumentar.
As
pendências tributárias do Rural foram calculadas a partir das contingências
fiscais informadas nas demonstrações financeiras da instituição. Todas as
empresas do grupo tinham reservado R$ 49 milhões para os processos fiscais cujo
desfecho desfavorável foi avaliado como provável pelo setor jurídico do banco.
Os outros R$ 332 milhões não foram registrados contabilmente e dizem respeito a
seis ações que ainda estão em tramitação.
Negócio frustrado
Para o
porte do Rural, o montante de dívidas que os advogados tentam reaver na Justiça
é significativo. A instituição foi liquidada por conta de um passivo a
descoberto estimado na mesma magnitude. O Rural "encolheu" primeiro
pela onda de saques nos bancos médios em decorrência da quebra do Banco Santos
e, posteriormente, por ter seu nome envolvido no mensalão.
A
liquidação do Banco Rural não foi o único revés sofrido por Kátia Rabello,
ex-presidente e integrante da família que controlava a instituição financeira.
Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou os recursos da condenada e
de outros dois ex-dirigentes do banco - José Roberto Salgado e Vinícius
Samarane.
Kátia
e Salgado, ex-vice presidente do Rural, foram condenados a 16 anos e 8 meses de
prisão por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e
gestão fraudulenta.
Samarane,
ex-diretor da instituição, foi condenado a 8 anos, 9 meses e 10 dias por
lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Somadas, as multas dos três
ex-dirigentes do Rural fixada pelo Supremo ultrapassaram os R$ 3 milhões.
*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário