domingo, 24 de novembro de 2013

Cúmplices e comparsas.


Cardozo, da Justiça, com Carvalho, do Cade: companheiros, cúmplices, comparsas.

Plantar dossiê apócrifo é procedimento padrão no ministério da Justiça do PT. Cardozo não tem a isenção necessária para permanecer no cargo. 

“O Simão (Pedro, deputado do PT, autor das denúncias, secretário da Haddad) me procurou e entregou essa documentação com o relatório. Pediu-me que encaminhasse à PF. Ali tinha uma característica: era um relatório minucioso em alguns aspectos, acompanhado de cópias de documentos. Adotei o procedimento padrão. Mandei para a PF examinar a plausibilidade.'' 

O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, refutou em entrevista à Folha a acusação do PSDB de que agiu segundo critérios políticos, e não jurídicos, ao encaminhar uma denúncia contra políticos tucanos, do DEM e do PMDB para a Polícia Federal. "Qual é o papel do ministro da Justiça? É mandar apurar, com sigilo. Se não faço isso, prevarico." 

Cardozo contou ter recebido o documento num fim de semana, em sua casa em São Paulo, de Simão Pedro (PT), deputado estadual licenciado e secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo. Ele diz não se lembrar exatamente a data da entrega. Posteriormente, o ministro diz ter enviado a denúncia ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello.

A versão do ministro contraria documentos assinados por dois delegados da Polícia Federal, que relatam ter recebido a denúncia por meio do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Para o ministro, a versão da PF "foi um equívoco, uma confusão que eles fizeram". A Folha apurou que o ministro assumiu ter recebido o documento para preservar o Cade de ataques de que age para beneficiar o PT na apuração sobre o cartel denunciado pela Siemens.

O documento, cuja autoria é atribuída ao ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, contém a mais grave acusação contra tucanos: diz que Edson Aparecido, principal secretário do governador Geraldo Alckmin (PSDB), recebeu propina do lobista Arthur Teixeira, indiciado pela PF sobre suspeita de ter intermediado o pagamento de comissões em contratos do Metrô e da CPTM. A denúncia relata que o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) também recebia suborno. Ambos negam a acusação.

O PSDB criticou o encaminhamento feito pelo ministro em duas frentes: em nota de deputados e pronunciamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência. "Estamos assistindo no Brasil o uso de instituições do Estado para fins políticos", disse Aécio. Em nota, o líder dos tucanos na Câmara, o deputado Carlos Sampaio, classificou a conduta do ministro de "inaceitável" e disse que ele visa "atingir o PSDB".

Segundo o ministro, não há uso político do Cade: "O Cade vive hoje uma situação semelhante à da PF. Quando você investiga aliados, se afirma que é um órgão que o ministro e o presidente não controlam. Quando você investiga adversários fala-se que é instrumentalização". O ministro diz ver um único problema no caso das denúncias: o vazamento no meio das investigações. A PF vai apurar o vazamento, segundo Cardozo. 
(Folha de São Paulo)

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