sexta-feira, 7 de março de 2014

Ucrânia pede à ONU para acabar com a agressão russa.

O plenário do Conselho de Segurança da ONU em Nova Iorque (foto: CC BY-SA Gruban/Flickr/File)
            A agência de notícias AP (Associated Press) informou hoje cedo que o embaixador da Ucrânia na ONU pediu, ontem, uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para “fazer todo o possível imediatamente” para parar a agressão militar da Rússia ao país e remover as tropas de Moscou que já invadiram a estratégica região da Crimeia no sul da Ucrânia.  Mas parece improvável que o Conselho atenda ao seu pedido.  
            Como um membro permanente do Conselho, a Rússia tem poder de veto e pode bloquear a reunião e impedir que o Conselho adote qualquer resolução que critique ou imponha sanções a Moscou.
         O Secretário Geral, Ban Ki-Moon, urgiu, pelo telefone, que o Presidente russo Vladimir Putin dialogue urgentemente com as autoridades de Kiev. Dizendo que a situação na Ucrania “é tanto perigosa com desestabilizadora”, a embaixadora Americana na ONU, Samantha Power, disse ao Conselho que “é hora dos militares russos porem um fim à intervenção na Ucrânia”. Power e outros membros do Conselho instaram em enviar monitores internacionais à Ucrânia o mais breve possível para observar a situação e Power advertiu que “as ações provocativas da Rússia poderia facilmente forçar a situação para além de um ponto de frenagem”. Ela também mencionou o trabalho sobre uma mediação internacional a ser enviada uma comissão a Ucrânia. O Conselho de Segurança se reuniu emergencialmente pelo segundo dia consecutivo pelos rápidos desdobramentos dos eventos na Ucrânia. Até mesmo se reuniu brevemente numa sessão aberta transmitida pela TV, apesar das objeções da Rússia, para em seguida reassumir a reunião com portas fechadas. O atual presidente do conselho, a embaixadora de Luxemburgo, Sylvie Lucas, disse que os membros destacaram a importância da manutenção da integridade territorial da Ucrânia  e da necessidade de se baixar as tensões, sem falar da necessidade de observadores internacionais no local.  
            O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, disse que o novo governo em Kiev precisa se livrar dos “radicais” e advertiu que “tais ações que estão tomando levariam a desdobramentos muito difíceis, que a Federação Russa está tentando evitar”. Churkin também acusou o Ocidente de interferir nas recentes manifestações em Kiev que se tornaram violentas entre tensões oriundas da decisão do agora fugitivo presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, em tornar a Ucrânia a parceira maior da Rússia, sua patroa antiga, ao invés da União Europeia como deseja a maior parte da sua população.
            A Rússia deu refúgio a Yanukovych, que fugiu há uma semana. Churkin disse que a Rússia estava a intervir militarmente a pedido das autoridades pró-Rússia na semiautônoma Península da Crimeia, onde o idioma mais falado é o russo e sede da frota da Esquadra Naval Russa do Mar Negro.          
            O Embaixador britânico Mark Lyall Grant, que convocou a reuniçao para o sábado de ontem, disse a jornalistas, depois, que "não há justificativa para as atividades militares da Rússia nas últimas 48 horas".
            O secretário geral adjunto da ONU, Jan Eliasson, disse que a situação na Ucrânia é "muito difícil e muito perigosa" e disse que há “sinais negativos, sinais graves, de riscos de uma escalada bélica na região, que ninguém sabe o que pode resultar", uma vez que ambos os lados são potências nucleares. Já o embaixador ucraniano na ONU, Yuriy Sergeyev, pediu aos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e China – para ajudarem e acrescentou que a Rússia havia rejeitado a proposta da Ucrânia para realizar consultas bilaterais imediatas. Quando perguntado mais tarde se a Ucrânia está em guerra com a Rússia, Sergeyev disse: "Não. Nós não estamos em guerra. Estamos tentando evitar confrontos. Por enquanto, estamos apenas sendo provocados".
         Ban, o chefe da ONU, disse ontem de manhã que estava “gravemente preocupado sobre a deterioração da situação” na Ucrânia e apelou para um “completo respeito e preservação da independência, soberania e integridade territorial” do país. Mais tarde, Ban falou por telephone com Vladimir Putin, segundo afirmou funcionários do escritório de Ban. Segundo eles, durante a conversa, Ban exortou o Presidente russo de que “é crucial que se restaure a calma e que se proceda a uma imediata desescalada da situação”. Disse ainda que “as cabeças frias devem prevalecer e o diálogo tem que ser a única ferramenta para por fim a esta crise”.
            Ban planeja se reunir em Genebra com seu enviado especial Robert Serry, o primeiro embaixador da Holanda na Ucrânia. Na segunda feira passada Ban pediu a Serry que fosse à Crimeia como parte de uma missão de levantamento dos fatos. Entretanto, após ter consultado como as autoridades da região, Serry decidiu que uma visita não seria possível. Lyall Grant disse que por seu entendimento Serry não poderia ir pelo fato do espaço aéreo sobre a Crimeia ter sido fechado. Eliasson chamou a decision de “puramente  logística”.

* Francisco Vianna, (com base na agência de notícias AP – Associated Press)

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