domingo, 27 de julho de 2014

A entrevista fantasiosa de Dilma.

O povo brasileiro ainda nem se refez do maior vexame em cem anos do futebol brasileiro, e eis que ressurge Dilma Rousseff, no noticiário, a dar uma opinião: segundo ela mesma, o povo brasileiro deveria lhe dar um segundo mandato. A afirmação foi feita em entrevista à TV Al Jazeera, do Catar, aquela emissora que pertence a um tirano influente e que costuma sair por aí insuflando revoltas árabes — menos no Catar, é claro, que, de resto, financia extremistas mundo afora. Mas sigamos.
Disse a governanta: 
“Eu acredito que o povo brasileiro deve me dar oportunidade de um novo período de governo pelo fato de que nós fazemos parte de um projeto que transformou o Brasil”. 
E prosseguiu:
“O Brasil tinha 54% de sua população entre pobres e miseráveis em 2002. Hoje, todos aqueles que vivem na classe C para cima representam 75%, três em cada quatro brasileiros. Nós transformamos a vida dessas pessoas. O Brasil mudou de perfil e foi feito isso com a democracia vigente”.
Por esse especioso (adj. Que tem apenas a aparência de verdade e exatidão; ilusório, enganador: argumentação especiosa.) raciocínio de Dilma, o Plano Real, por exemplo, que pôs fim à hiperinflação não mudou o Brasil — o mesmo Plano Real contra o qual o PT lutou bravamente. Mais do que isso: recorreu ao Supremo contra ele e também contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Quanto a essa tal classe C, já passou da hora de desmistificar essa falácia.
O oficialismo inventou a tal nova classe média. Segundo a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), são as famílias com renda per capita, atenção!, entre R$ 300 e R$ 1.000. Um casal cujo marido ganhe o salário mínimo (R$ 724) — na hipótese de a mulher não ter emprego — já é “classe média” — no caso, baixa classe média (com renda entre R$ 300 e R$ 440). Se ela também trabalhar, recebendo igualmente o mínimo, aí os dois já saltarão, acreditem, para o que a SAE considera “alta classe média” (renda per capita entre R$ 640 e R$ 1.020). Contem-me aqui, leitores, como vive e onde mora que tem renda per capita de R$ 640! O aluguel de um único cômodo na periferia mais precária não sai por menos de R$ 250… Segundo a SAE, renda per capita acima de R$ 1.020 já define classe alta. Na minha casa, somos da classe alta os que aqui moramos e a nossa empregada, além de todos os porteiros do prédio.
Desde que chegou ao poder, o PT vem se dedicando, já escrevi aqui, com a preciosa colaboração teórica dos chamados “economistas da pobreza”, a criar a classe média por decreto e a erradicar a miséria por decreto. Dilma está a um passo de declarar o Brasil um país “sem miseráveis”. Está por um triz. E como isso foi feito? Inventou-se a existência de milhões de pessoas que estariam na “pobreza extrema”, as famílias com renda per capita de até R$ 70 mensais — R$ 2,33 por dia.
Caso se faça um levantamento a sério, vai-se constatar que essas pessoas até podem existir no campo (e olhem lá!) — na cidade, não! Na zona rural, acabam sobrevivendo porque, ainda que precariamente, produzem parte do que comem. Nas cidades, fazendo bico aqui e ali, a renda é maior do que isso. Muito maior! Mesmo a daqueles oficialmente listados entre os extremamente miseráveis.
Os pobres desgraçados do crack, que já estão sem casa, sem calçado, quase sem roupa, têm renda superior a R$ 2,33 por dia. Sabem por quê? Cada pedra custa de R$ 5 a R$ 10! O que estou dizendo é que existe uma economia informal que eleva essa renda. A propósito: se formos considerar o número de pedras consumidas nas cracolândias da vida e o que isso significa em termos de renda, vamos concluir que aquela gente que vaga como zumbi pelas ruas compõe a classe média alta, segundo o oficialismo. É uma piada!
Maluquice
A presidente entrou numa espécie de surto megalômano. Ela reconhece as dificuldades econômicas do país e afirma: 
“Temos tomado todas as medidas para entrar em um novo ciclo. Temos que melhorar a produtividade da economia brasileira. Nós estamos numa fase de baixa de ciclo econômico, mas sabemos que vamos entrar em outra fase do ciclo. Estamos nos preparando para melhorar a competitividade do país, aumentar as condições pelas quais nós vamos poder enfrentar essa nova etapa. Se não entrar para o resto do mundo [fase econômica], eu lhe asseguro que entra para o Brasil”.
Heeeinnn?
A presidente inventou o Brasil como uma ilha. Há uma boa possibilidade de o país crescer menos de 1% neste 2014, e a nossa soberana, ora vejam, diz que, se o resto do mundo não seguir o nosso país, iremos sozinhos. É patético!
Como se fosse uma candidata da oposição, afirma:
“O Brasil é um país que tem demorado muito para modernizar seu Estado. Nós precisamos de um pais sem burocracia, de um Estado mais amigável tanto para os cidadãos quanto para os empresários, empreendedores e trabalhadores”.
É mesmo? O PT está no poder há 12 anos. A última iniciativa da soberana para modernizar o estado foi fazer um decreto que entrega a gestão da coisa pública a conselhos populares. Tenham paciência!
*Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário: