domingo, 7 de setembro de 2014

...Dilma é a ministra da Fazenda de... Dilma!


Texto por Reinaldo Azevedo


Que coisa, né? Governos existem para quê? Para manter a ordem legal, para adotar medidas corretivas quando está em desequilíbrio na sociedade, para implementar programas que melhorem a vida das pessoas e lhes deem a perspectiva de um futuro melhor. Ocorre que, muitas vezes, o governo, em vez de ser a solução, se torna o problema. E é precisamente isso o que se dá hoje com a presidente Dilma Rousseff. Claramente, existe um governo que atrapalha a sociedade. 

Bastou que as pesquisas Datafolha e Ibope tenham elevado um tiquinho a possibilidade de a presidente Dilma ser reeleita, e o mercado despencou, atraído pela queda das estatais. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Petrobras caíram 4,74%; os papeis do Banco do Brasil recuaram 5,34%, e as ações ordinárias da Eletrobras caíram 4,35%. Com isso, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuou 1,68%, para 60.800 pontos. 

Lá pelas bandas do site “Muda Mais”, aquele delírio retórico comandado por Franklin Martins, os petistas podem bater no peito e afirmar: “Ah, mas a presidente Dilma não governa para os mercados, e sim para as pessoas.” Como vocês sabem, campanhas eleitorais são capazes de dizer boçalidades como essas. 

Ocorre que essa contradição só existe na cabeça de celerados, entendem? Ainda que os mercados possam não ser a medida de todas as coisas e não representem, obviamente, os interesses do conjunto dos brasileiros, é evidente que os resultados desta quinta apontam para perspectivas extremamente negativas caso Dilma seja reeleita. 

A presidente já acenou que um eventual novo governo seu trará mudanças, inclusive da equipe. Não há viv’alma que aposte na continuidade de Guido Mantega caso ela ganhe um segundo mandato. Mas a questão posta é a seguinte: adianta? Afinal, quem manda na economia? O consenso é que Dilma Rousseff é a ministra de Dilma Rousseff, e aí está a raiz do problema e da desconfiança. 

Se a queda artificial de juros em passado recente não bastasse; se a contabilidade criativa do governo não bastasse; se a política tico-tico-no-fubá das desonerações não bastasse, há o erro brutal, pantagruélico, cometido no setor elétrico. Eis aí: não adianta tentar jogar a barbeiragem no colo do ministro da Fazenda. Ele, de fato, não tem nada com isso. Dilma fez porque quis — ignorando, diga-se, advertências feitas por gente de sua equipe. 

Os sinais emitidos pela Bolsa indicam, no caso de vitória de Dilma, um futuro com confiança menor e investimentos menores. Isso tudo num cenário que, mesmo sem agravamento de problemas, já prevê um 2015 com crescimento de 1,1%, taxa de juros em 11,75% e inflação em 6,29%. 

Nesta quarta, só para arrematar, Lula ameaçou: ele quer voltar em 2018. Se o eleitor não tiver, que Deus tenha piedade de nós. 

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