quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Ex-contadora de doleiro envolve Renan e mensalão.


Durante depoimento, Meire Poza admite participação no esquema e emissão de notas frias
Durante depoimento, Meire Poza admite participação no esquema e emissão de notas frias


Brasília  - A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, envolveu ontem, em depoimento, o nome do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), do ex-ministro das Cidades do governo Dilma Mário Negromonte e políticos e assessores de PP, PMDB, PT e SD em negociações com seu antigo cliente. Em depoimento à CPI mista da Petrobras, ela detalhou as relações do doleiro com empreiteiras e disse ter intermediado pessoalmente um repasse de recursos para pagar multa a um condenado do processo do mensalão. 

Meire Poza afirmou que Youssef se reuniu na noite do dia 12 de março com Renan Calheiros para tratar de uma operação milionária de compra de debêntures para a Marsans VIAGENS e Turismo, uma agência de turismo que tinha o doleiro como investidor. 

Segundo a contadora, a conversa com o presidente do Senado pretendia garantir R$ 25 milhões do fundo de pensão da Caixa (Funcef). Segundo ela, a outra parte da operação, também de R$ 25 milhões, já tinha sido acertada com o PT e seria feita por meio do fundo de pensão dos Correios (Postalis). “Ele precisava resolver ainda a ponta do PMDB”, disse. A negociação não prosperou porque cinco dias depois Youssef foi preso pela Operação Lava Jato. Posteriormente, a Marsans, empresa que, segundo a contadora, precisava de muito capital de giro, fechou as portas. 

Meire Poza disse ainda que o então ministro das Cidades indicou ao doleiro uma empresa goiana de rastreamento de veículos, setor ligado à pasta comandada por Mário Negromonte, filiado à época ao PP. Segundo ela, apenas cinco empresas tinham a homologação doDepartamento Nacional de Trânsito (Denatran) para prestar tais serviços, uma das quais a Controle Monitoramento de Veículos, de Goiânia (GO). No fim do depoimento, ela disse que a empresa foi “comprada” por Youssef. 

A ex-contadora do doleiro também citou o fato de que o irmão de Negromonte, Adarico, era uma das pessoas que fazia a “distribuição do DINHEIRO” por indicação de Youssef. Em um dos casos, de acordo com ela, Adarico viajou ao Maranhão para entregar R$ 330 mil a uma pessoa ligada à governadora Roseana Sarney (PMDB). Meire, contudo, disse não saber quem eram os beneficiários. 

Terminada a reunião da CPI, o relator, deputado Marco Maia, avaliou que o depoimento prestado por Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, contribuiu para as investigações e trouxe algumas novidades, como a participação dela própria no esquema. A ex-contadora admitiu ter emitido notas frias, feito pagamentos e recebido recursos do doleiro. Para o deputado, Poza esteve no Senado na condição de testemunha, mas a Polícia Federal deveria investigá-la.

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