Democracia sempre!
Sou
imensamente grato a alguns defensores da “intervenção militar” que resolveram
me contar “como é de fato o Brasil”, me dar aulas (!?!?!) sobre o “Foro de São
Paulo” (pra mim?) e me advertir sobre a minha “ingenuidade”… Um deles, fazendo
piada involuntária, escreveu:
“Você não sabe como são os petralhas, Reinaldo…”.
Ninguém deve ter lhe contado que eu sou o criador da palavra. Agradeço, mas
dispenso as lições. Não! Gente defendendo ou justificando intervenção militar
não escreve no meu blog nem na área de comentários. Se alguma opinião assim
escapou, vou cortar.
O
blog é meu! É feito para defensores da democracia, das liberdades civis, dos
direitos individuais — tudo aquilo que governos militares, em qualquer tempo e
em qualquer lugar, jamais garantiram. É claro que um regime civil não significa
a certeza desses fundamentos. Mas só regimes civis podem provê-los. E não
porque militares sejam homens maus. É que eles são treinados para a guerra, não
para a política. Há gente com vontade de defender “intervenção militar ou
golpe?” À vontade!!! Há milhares de blogs desesperados para ter leitores. No
meu, não! “Ah, mas as pessoas têm o direito de ter essa opinião…” E eu disse
que não têm??? Só não quero na minha casa. É simples.
Ora,
ora… Eu não combato os petralhas com tanta energia porque aceite ditaduras… Eu
os combato justamente porque não as aceito. Mas notem: não é que eu rejeite só
a ditadura dos petralhas e de outros esquerdistas. Eu rejeito todas as
ditaduras, inclusive a dos petralhas e de outros esquerdistas.
Eu
escrevi ontem dois textos sobre a manifestação. No primeiro, em que lastimo a
estupidez dos que pedem intervenção militar, afirmei que ainda escreveria um
outro, destacando os aspectos virtuosos do protesto. Alguns tontos me acusam de
querer me comportar como dono da agenda. Uma ova!
Se
eu me sentisse assim, iria atuar de modo político, fazendo vista grossa para
aquele carro de som só para não criticar um “aliado”. Ocorre que um defensor de
intervenção militar é tão meu adversário intelectual como um petralha. Não
tenho apreço nem por um nem por outro. Gente que vai à rua pedir a ação dos
quartéis é, lamento!, aliada objetiva do PT e das esquerdas. Estudem o conceito
de “aliado objetivo”. Não quero ser dono de nada nem me sinto líder de coisa
nenhuma. Eu sou apenas dono da minha opinião. E eu a expresso. E ponto.
Tolices
Há pessoas me recomendando obsessivamente que leia o Artigo 142 da Constituição, como se eu já não o tivesse citado dezenas de vezes no blog. Há um arquivo nesta página, santo Deus! Mas lhes faço a vontade e reproduzo o caput:
Há pessoas me recomendando obsessivamente que leia o Artigo 142 da Constituição, como se eu já não o tivesse citado dezenas de vezes no blog. Há um arquivo nesta página, santo Deus! Mas lhes faço a vontade e reproduzo o caput:
“Art.
142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas
com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente
da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”
Sim,
as Forças Armadas podem ser convocadas para a garantia da ordem interna, desde
que sua presença seja solicitada por um dos Poderes da República. Aliás,
aconteceu durante a Copa do Mundo, não é mesmo? Não cabe aos militares
brasileiros cuidar da política.
Também
deixem os bobalhões de conversa mole. Já fiz duas palestras no Comando Militar
do Sudeste e duas no Clube Militar. Mantenho diálogo sereno e profissional com
militares, mas não sou carpideira. Os generais que conheço estão empenhados em
garantir que as Forças Armadas cumpram o seu papel constitucional e devem
encarar com um profundo tédio essa bobajada.
Há
ainda aqueles que juram que nunca mais voltarão a me ler porque critiquei esses
delírios golpistas. A democracia existe para isso. Se eu não sirvo, certamente
encontrarão uma página do seu agrado. As minhas opiniões sempre são claras,
inequívocas e com zero de ambiguidade. O fato de eu criticar as tolices ilegais
da Comissão da Verdade ou a conversão em heróis de facínoras como Carlos
Lamarca ou Carlos Marighella, por exemplo, não autoriza ninguém a inferir que
eu ache que a política e o poder devam ser exercidos por fardados. Acaba de ser
lançado meu quinto livro. Há milhares — literalmente — de textos meus neste
blog. Não há um só, um único que seja, que autorize essa leitura. ISSO É O QUE
OS PETRALHAS GOSTARIAM QUE EU ESCREVESSE. Porque são golpistas, pretendem que
seus adversários intelectuais ou morais também o sejam, mas do outro lado.
Comigo,
não! Eu defendo uma democracia liberal-conservadora — avessa, portanto, tanto a
petralhas e seus asseclas como a intervenções e golpes militares. Há quem nunca
mais queira visitar meu blog por isso? Paciência!
Agora
os Bolsonaros
Não ataquei a moralidade de ninguém. De novo: o arquivo do blog está aí, e qualquer um pode pesquisar o que escrevi, inclusive sobre aquela bobagem do kit gay. É bem provável que eu tenha cuidado do assunto antes do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Critiquei, sim, uma fala ambígua de outro Bolsonaro, Eduardo (deputado eleito), segundo quem “não é o momento de pedir intervenção militar”. De fato, não é. Nem agora nem depois!!! Não há esse momento a não ser segundo o que prescreve a Constituição, não é mesmo? E também lamentei que tenha se deixado fotografar com um revólver — e pouco me importa a sua profissão. Numa manifestação política, há coisas que são descabidas. E ponto!
Não ataquei a moralidade de ninguém. De novo: o arquivo do blog está aí, e qualquer um pode pesquisar o que escrevi, inclusive sobre aquela bobagem do kit gay. É bem provável que eu tenha cuidado do assunto antes do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Critiquei, sim, uma fala ambígua de outro Bolsonaro, Eduardo (deputado eleito), segundo quem “não é o momento de pedir intervenção militar”. De fato, não é. Nem agora nem depois!!! Não há esse momento a não ser segundo o que prescreve a Constituição, não é mesmo? E também lamentei que tenha se deixado fotografar com um revólver — e pouco me importa a sua profissão. Numa manifestação política, há coisas que são descabidas. E ponto!
Eu
não sou político nem faço política. Quando gosto, digo “sim”; quando não gosto,
digo “não”. E jamais pergunto se o meu “sim” ou o meu “não” atendem a esse ou
àquele interesses, a essa ou àquela perspectivas.
Os
dias vindouros serão densos. Já bastam as hostes da desqualificação petralha e
esquerdopata, de que boa parte da imprensa se faz porta-voz, para tentar inibir
os que defendem valores como decência e ética. Se os zumbis querem defender
intervenção ou golpe militar, que marquem seus próprios atos e não conspurquem
a marcha dos que estão nas ruas pedindo democracia, não golpe.
“Ah,
os petralhas vão gostar de ler você criticando parte dos manifestantes…” Os
petralhas que se danem! Não são meus juízes. Ainda que me aplaudissem, eu
continuaria a ter por eles o mesmo desprezo que tenho quando me atacam.
Em
matéria de princípios, não tergiverso nem negocio. Se alguém quer ditadura, é
meu adversário, pouco me importa se é comuna ou anticomuna. Quem ainda não
entendeu isso, deixo claro, ainda não me entendeu.
#prontofalei
*Por Reinaldo Azevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário