terça-feira, 18 de novembro de 2014

Eu não combato petralhas porque eu aceite ditaduras, eu os combato porque não as aceito!

Democracia sempre!
Sou imensamente grato a alguns defensores da “intervenção militar” que resolveram me contar “como é de fato o Brasil”, me dar aulas (!?!?!) sobre o “Foro de São Paulo” (pra mim?) e me advertir sobre a minha “ingenuidade”… Um deles, fazendo piada involuntária, escreveu: 
“Você não sabe como são os petralhas, Reinaldo…”. 
Ninguém deve ter lhe contado que eu sou o criador da palavra. Agradeço, mas dispenso as lições. Não! Gente defendendo ou justificando intervenção militar não escreve no meu blog nem na área de comentários. Se alguma opinião assim escapou, vou cortar.
O blog é meu! É feito para defensores da democracia, das liberdades civis, dos direitos individuais — tudo aquilo que governos militares, em qualquer tempo e em qualquer lugar, jamais garantiram. É claro que um regime civil não significa a certeza desses fundamentos. Mas só regimes civis podem provê-los. E não porque militares sejam homens maus. É que eles são treinados para a guerra, não para a política. Há gente com vontade de defender “intervenção militar ou golpe?” À vontade!!! Há milhares de blogs desesperados para ter leitores. No meu, não! “Ah, mas as pessoas têm o direito de ter essa opinião…” E eu disse que não têm??? Só não quero na minha casa. É simples.
Ora, ora… Eu não combato os petralhas com tanta energia porque aceite ditaduras… Eu os combato justamente porque não as aceito. Mas notem: não é que eu rejeite só a ditadura dos petralhas e de outros esquerdistas. Eu rejeito todas as ditaduras, inclusive a dos petralhas e de outros esquerdistas.
Eu escrevi ontem dois textos sobre a manifestação. No primeiro, em que lastimo a estupidez dos que pedem intervenção militar, afirmei que ainda escreveria um outro, destacando os aspectos virtuosos do protesto. Alguns tontos me acusam de querer me comportar como dono da agenda. Uma ova!
Se eu me sentisse assim, iria atuar de modo político, fazendo vista grossa para aquele carro de som só para não criticar um “aliado”. Ocorre que um defensor de intervenção militar é tão meu adversário intelectual como um petralha. Não tenho apreço nem por um nem por outro. Gente que vai à rua pedir a ação dos quartéis é, lamento!, aliada objetiva do PT e das esquerdas. Estudem o conceito de “aliado objetivo”. Não quero ser dono de nada nem me sinto líder de coisa nenhuma. Eu sou apenas dono da minha opinião. E eu a expresso. E ponto.
Tolices
Há pessoas me recomendando obsessivamente que leia o Artigo 142 da Constituição, como se eu já não o tivesse citado dezenas de vezes no blog. Há um arquivo nesta página, santo Deus! Mas lhes faço a vontade e reproduzo o caput:
“Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”
Sim, as Forças Armadas podem ser convocadas para a garantia da ordem interna, desde que sua presença seja solicitada por um dos Poderes da República. Aliás, aconteceu durante a Copa do Mundo, não é mesmo? Não cabe aos militares brasileiros cuidar da política.
Também deixem os bobalhões de conversa mole. Já fiz duas palestras no Comando Militar do Sudeste e duas no Clube Militar. Mantenho diálogo sereno e profissional com militares, mas não sou carpideira. Os generais que conheço estão empenhados em garantir que as Forças Armadas cumpram o seu papel constitucional e devem encarar com um profundo tédio essa bobajada.
Há ainda aqueles que juram que nunca mais voltarão a me ler porque critiquei esses delírios golpistas. A democracia existe para isso. Se eu não sirvo, certamente encontrarão uma página do seu agrado. As minhas opiniões sempre são claras, inequívocas e com zero de ambiguidade. O fato de eu criticar as tolices ilegais da Comissão da Verdade ou a conversão em heróis de facínoras como Carlos Lamarca ou Carlos Marighella, por exemplo, não autoriza ninguém a inferir que eu ache que a política e o poder devam ser exercidos por fardados. Acaba de ser lançado meu quinto livro. Há milhares — literalmente — de textos meus neste blog. Não há um só, um único que seja, que autorize essa leitura. ISSO É O QUE OS PETRALHAS GOSTARIAM QUE EU ESCREVESSE. Porque são golpistas, pretendem que seus adversários intelectuais ou morais também o sejam, mas do outro lado.
Comigo, não! Eu defendo uma democracia liberal-conservadora — avessa, portanto, tanto a petralhas e seus asseclas como a intervenções e golpes militares. Há quem nunca mais queira visitar meu blog por isso? Paciência!
Agora os Bolsonaros
Não ataquei a moralidade de ninguém. De novo: o arquivo do blog está aí, e qualquer um pode pesquisar o que escrevi, inclusive sobre aquela bobagem do kit gay. É bem provável que eu tenha cuidado do assunto antes do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Critiquei, sim, uma fala ambígua de outro Bolsonaro, Eduardo (deputado eleito), segundo quem “não é o momento de pedir intervenção militar”. De fato, não é. Nem agora nem depois!!! Não há esse momento a não ser segundo o que prescreve a Constituição, não é mesmo? E também lamentei que tenha se deixado fotografar com um revólver — e pouco me importa a sua profissão. Numa manifestação política, há coisas que são descabidas. E ponto!
Eu não sou político nem faço política. Quando gosto, digo “sim”; quando não gosto, digo “não”. E jamais pergunto se o meu “sim” ou o meu “não” atendem a esse ou àquele interesses, a essa ou àquela perspectivas.
Os dias vindouros serão densos. Já bastam as hostes da desqualificação petralha e esquerdopata, de que boa parte da imprensa se faz porta-voz, para tentar inibir os que defendem valores como decência e ética. Se os zumbis querem defender intervenção ou golpe militar, que marquem seus próprios atos e não conspurquem a marcha dos que estão nas ruas pedindo democracia, não golpe.
“Ah, os petralhas vão gostar de ler você criticando parte dos manifestantes…” Os petralhas que se danem! Não são meus juízes. Ainda que me aplaudissem, eu continuaria a ter por eles o mesmo desprezo que tenho quando me atacam.
Em matéria de princípios, não tergiverso nem negocio. Se alguém quer ditadura, é meu adversário, pouco me importa se é comuna ou anticomuna. Quem ainda não entendeu isso, deixo claro, ainda não me entendeu.
#prontofalei

*Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário: