segunda-feira, 20 de julho de 2015

PF indicia presidente da Andrade Gutierrez e mais oito por crimes investigados na Lava-Jato.

Eles são acusados de corrupção ativa, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e crime contra a ordem econômica; empresa afirma que acusações não têm fundamento.
Por Germano Oliveira, Mariana Timóteo da Costa, Tiago Dantas e Thaís Skodowski* 
(especial para O GLOBO) 

Presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, deixa a sede da PF em São Paulo - 19/05/2015. (Foto Francio de Holanda / REUTERS
SÃO PAULO e CURITIBA* — A Polícia Federal (PF) indiciou, neste domingo, o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e quatro executivos que são ou foram ligados à construtora por participação em esquema de corrupção investigado pela operação Lava-Jato. Também foram indiciados quatro pessoas acusadas de serem os operadores do pagamento de propina a funcionários públicos e políticos. No total, os nove indiciados são acusados por quatro crimes: fraude em licitações, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crime contra a ordem econômica (no caso, o cartel das empreiteiras). Em nota, a Andrade Gutierrez reafirma “que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Lava-Jato”. 

Em documento encaminhado à Ministério Público Federal neste domingo, o delegado Eduardo Mauat da Silva reconheceu que os agentes federais não analisaram todo o material apreendido nas empresas e nos endereços residenciais dos indiciados: “Oferecemos o presente sumário a vista do exíguo prazo decorrente da segregação provisória dos indiciados, em que pese constem celulares, mídias e alguns documentos pendentes de análise”. 

Além de Otávio, entrou na lista da PF Elton Negrão de Azevedo Júnior, executivo da empresa. Os dois são os únicos da lista da Andrade que estão presos. Foram indiciados ainda Rogério Nora de Sá, ex-presidente do grupo, e os ex-executivos Antônio Pedro Campello de Souza e Paulo Roberto Dalmazzo. 

Do grupo de operadores do esquema da Andrade Gutierrez, foram citados: Flávio Lúcio Magalhães, Mário Goes, Lucélio Goes e Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Mário e Fernando Baiano também estão presos em Curitiba, pois já foram citados como operadores de outras empresas. 

Também terminou no fim de semana o prazo para a PF apresentar o relatório das investigações contra a empresa Odebrecht. 

Após a entrega desse relatório, o Ministério Público Federal tem cinco dias para analisá-lo e apresentar a denúncia — o que deve acontecer na próxima sexta-feira. Em seguida, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, vai decidir se aceita o pedido do MPF. Se ele aceitar a denúncia, os empreiteiros viram réus e passam a ser formalmente acusados pela prática dos crimes. 

NOTA DA ANDRADE GUTTIEREZ

Em nota, a Andrade Gutierrez reafirma “que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Lava-Jato”. 

“A empresa reitera que nunca participou de formação de cartel ou fraude em licitações, assim como nunca fez qualquer tipo de pagamento indevido a quem quer que seja. A empresa reafirma ainda que não existem fundamentos ou prova que justifiquem a prisão e o indiciamento de seus executivos e ex-executivos. A Andrade Gutierrez volta a afirmar que sempre esteve à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e esclarecer todas as dúvidas o mais rapidamente possível, restabelecendo de vez a verdade dos fatos e a inocência da empresa e de seus executivos”.

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